Foi estranho. Menos de 5 minutos em Berlim, dentro do táxi, a meio do Tiergarten e já eu proclamava a quem quisesse ouvir: Adoro esta cidade! Já fui a muitos sítios neste mundo e nunca tal me tinha acontecido, empatia instantânea! Quando cheguei ao hotel já estava capaz de me mudar para lá. O que é Berlim? Uma cidade com muitas cidades, uma cidade com tempo, uma cidade com silêncio, uma cidade com verde, uma cidade com o mundo lá dentro. Sem pressas. Com gosto de viver. Com cores. Com cheiros e sabores de todo um mundo que é cada vez mais pequeno. Uma cidade de andar a pé, de avenidas e esplanadas, de novo e antigo, um imenso estaleiro que está a transformar um presente incerto num futuro que se quer radioso, todo ele vidro e aço, coabitando alegremente com palácios neoclássicos e heranças desconfortáveis de um passado recente, mas ainda muito vivo. Adoro Berlim. As avenidas, os parques, as ruas e os bairros que aparecem onde menos se espera e nos mostram tesouros de cultura, de vida, de experiência. Acima de tudo, Berlim tem espaço, muito espaço, não há filas, não há metros cheios, não há buzinas, e até os turistas parecem entrar neste estado quase zen de espírito em que nos deixamos ir e nos tornamos indolentes e olhamos para todo o lado com uma infinita bonomia... E depois entramos em Kreuzfeld, em Neukoln, na Oderbergerstrasse, na Bergmannstrasse e pensamos: eu seria tão feliz aqui... E foi isso que trouxe de lá, um desejo, uma possibilidade de ser feliz naquela cidade onde tudo acontece sem quase se dar por isso. É o centro de uma Europa multicultural, sem fronteiras, onde passado, presente e futuro se misturam alegremente e onde a crispação inerente a todas as forças que entram no compita serve como força motriz para que se avance em direcção a não se sabe bem o quê... Uma semana soube a pouco, porque se vi todas as capelinhas turísticas e algumas surpresas, bem, quero agora voltar para ver o resto, com tempo e com gosto. E terei que reflectir sobre a presença absoluta daquele Muro que continua a ser um marco inescapável da arbitrariedade humana e que continua a marcar a paisagem da cidade. Mas até esse muro é hoje algo de belo e que serviu como símbolo da reconstrução e da paz que os alemães fizeram consigo próprios, essa capacidade que eles têm como ninguém. Ich bin ein Berliner? Sem qualquer sombra de dúvida.
Dois lamentos: o edifício do Siza, o "Bonjour Tristesse", foi uma profunda desilusão e as bolas de Berlim, onde estão...?
Diz que estão nas praias do Algarve, com e sem creme...;-p
ResponderEliminar